segunda-feira, 30 de setembro de 2013

página 3, comentada. O transcendente em nós.


Jundaí é uma personagem central dessa primeira fase de nosso Conto;
ele será a representação do guerreiro nato, cacique Tarairiú, eleito por Tupã para liderar a guerra dos Cariris contra os invasores estrangeiros.
Ele está reunido aqui com outros chefes consultando um piaga, que é o feiticeiro, o líder religioso, que consulta o deus Tupã através de um maracã, esse objeto que está em sua mão que nós já conhecemos, herdamos deles, todos cantam, dançam, dão belas baforadadas em seus cachimbos e se embriagam com o sagrado vinho de Jurema, para que entrando em transe tenham contato com o divino.
 Isso não soa familiar para nós? pode ser qualquer religião, católica, umbanda, evangélica, espírita, todos fazem algum ritual transcendental para se encontrar com o divino. Entretanto, o culto cristão foi divinizado e os cultos indígenas e africanos foram demonizados. Com que direito?

Finalmente o deus Tupã se manifesta e nesse momento os espiões da praia agem de modo temerário, ansiosos para dizer a Jundaí que a embarcação inimiga cruza os verdes mares, se precipitam e falam na hora errada, Jundaí os repreende porque agora nada mais importa se não ouvir a mensagem do seu maravilhoso deus que fala no ribombar dos trovões (tupana) ou pela boca dos santos piagas; não nos lembramos do deus bíblico Yawé? que falava com Moisés pelos trovões no monte Sinai ou pela sua boca?
 Como veremos depois os padres jesuítas transformaram esses ritos dos nativos, macularam suas espiritualidades e crenças culturais com doutrinas estranhas, as doutrinas cristãs; os nativos foram perdendo seu modo de entender o divino e de se comunicar com ele, e os que não aceitassem esse suborno eram tratados como endemoniados e eram perseguidos e maltratados, por isso até hoje as culturas indígenas e africanas como o candomblé, a umbanda e a pagelança são tratadas como se fossem coisa do demônio;
por isso tiveram que inventar o diabo: para justificar o capricho de deus.

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