sexta-feira, 6 de setembro de 2013

página 1 comentada


  Essa primeira página foi desenhada e redesenhada umas 5 vezes; alguns de vocês  já devem  ter visto as antigas versões; a primeira tinha uma visão invertida, era a visão do europeu, do Tapuitinga ( ''homem branco"), do seu impotente e fedorento Caravelão ele via os índios na praia; assim é a visão que nós temos da história do Brasil, pois foi essa visão que recebemos na escola; mas essa visão deve sofrer uma inversão de valores, mesmo uma transmutação desse valor imposto por um sistema que exalta a civilização européia e mistifica a visão nativa como coisa ingênua, bruta e desumana; essa mudação veio a mim através de um amigo, o Pedro Vitor, a primeira pessoa que se interessou por esse meu trabalho e me procurou para conversarmos sobre a importância de fazermos uma descolonização dessa visão que herdamos do capitalismo moderno; então, ao mudar minha visão mudei meu desenho, e a primeira página ganhou uma nova perspectiva, a perspectiva do nativo, do povo que, da praia, contemplava as caravelas estrangeiras invadindo suas terras.

  O título é A BANDEIRA DE PERO COELHO ,  pois os fatos que aqui vamos narrar e mostrar se refere aquela expedição portuguesa e espanhola de 1603, ordenada pelo Rei Filipe II, sob direção do novo Governador geral do Brasil, Diogo Botelho, que enviou o açoriano, residente em Paraíba, Pedro Coelho, à pequena capitania do Siará, que precisava ser colonizada e explorada afim de que a conquista do Maranhão e do Amazonas fosse assegurado, pois essa parte do Brasil já estava infestada de piratas franceses.

  Então, apesar de ser uma época tardia não era contudo mais uma época de novidades, os nativos sabiam muito bem quem eram estes estrangeiros, já sabiam que não eram seres divinos vindo do mar ou do céu, já sabiam que aquela pele branca e reluzente cheirava mal, muito mal mesmo e que só o simples contato já deixava as pessoas doentes; os nativos pertenciam a várias etnias e algumas tribos queriam fazer parceria com esses estrangeiros por vários motivos, principalmente de sobrevivência, mas outras tribos já preferiam resistir a dominação desses sujeitos pois já conheciam a destruição que sua ambição desenfreada era capaz de promover.
 E é essa resistência por parte de povos como os tarairiús, cariris, jenipapos e paiacus que eu pretendo ressaltar em Contos do Siará.
 Não importa o quanto eles tenham sido brutais contra colonos, padres e tupis aliados, que foram batizados de 'índios', enquanto esses povos foram chamados de 'tapuias' por seus inimigos; pois eles sofreram primeiro toda brutalidade, maldade e perversidade de estranhos alienígenas, que cometiam as mais cruéis atrocidades e depois balbuciavam o nome de um deus desconhecido e malvado, que adora derramar sangue para salvar a alma, não importando o que seja feito com o corpo.

 o nome Pindorama se refere ao que hoje chamamos Brasil.

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