sexta-feira, 27 de abril de 2012
terça-feira, 17 de abril de 2012
quinta-feira, 12 de abril de 2012
página 2
na segunda página o ãngulo da visão passa a ser a embarcação lusa.
acima do castelo de popa o governador-geral Diogo Botelho e o sargento-mor Diogo de Campos Moreno conversam sobre o novo mundo.
acima do castelo de popa o governador-geral Diogo Botelho e o sargento-mor Diogo de Campos Moreno conversam sobre o novo mundo.
terça-feira, 10 de abril de 2012
SIARÁ - página 1
tamanho a3 artefinalizada a nanquim , pincel e bico-de-pena, em março 2012.
Ednardo Nogueira.
o espanto dos nativos no litoral do Mucuripe ao ver uma caravela lusa se aproximando.
Ednardo Nogueira.
o espanto dos nativos no litoral do Mucuripe ao ver uma caravela lusa se aproximando.
terça-feira, 3 de abril de 2012
capitania da Paraíba, 1602.
Cena 3 da página 18.
enquanto o negro agoniza depois de ter sido chicoteado no pelourinho sua mulher tenta refrescá-lo com água; lá no fundo um mensageiro se aproxima da casa grande do senhor de engenho Pero Coelho de Sousa, o futuro desbravador do Ceará.
De origem açoriana, cunhado do donatário da Paraíba, Frutuoso Barbosa, Coelho de Sousa é homem ambicioso e sua intenção é se tornar rico descobrindo as minas misteriosas de El Dorado
Mas grande frustração e desgraças o esperam na terra de Siará, pois não conseguirá riqueza, não conseguirá colonizar a terra, verá seus filhos morrendo de fome numa cruel seca e voltará palpérrimo para Lisboa sem dinheiro nem pra comprar sua própria mortalha.
Sua brava mulher teve seu nome, Maria Tomásia, gravada em umas das principais ruas de Fortaleza.
acompanhe o desenrolar dessa história em SIARÁ volumes I e II.
enquanto o negro agoniza depois de ter sido chicoteado no pelourinho sua mulher tenta refrescá-lo com água; lá no fundo um mensageiro se aproxima da casa grande do senhor de engenho Pero Coelho de Sousa, o futuro desbravador do Ceará.
De origem açoriana, cunhado do donatário da Paraíba, Frutuoso Barbosa, Coelho de Sousa é homem ambicioso e sua intenção é se tornar rico descobrindo as minas misteriosas de El Dorado
Mas grande frustração e desgraças o esperam na terra de Siará, pois não conseguirá riqueza, não conseguirá colonizar a terra, verá seus filhos morrendo de fome numa cruel seca e voltará palpérrimo para Lisboa sem dinheiro nem pra comprar sua própria mortalha.
Sua brava mulher teve seu nome, Maria Tomásia, gravada em umas das principais ruas de Fortaleza.
acompanhe o desenrolar dessa história em SIARÁ volumes I e II.
PERO COELHO DE SOUSA
PERO COELHO DE SOUZA (10 DE AGOSTO DE 1603)
A.R
Uchoa
O
primeiro fato a marcar a história do Aracati foi, sem sombra de dúvida, a
chegada à foz do rio Jaguaribe de Pero Coelho de Souza. A data desse episódio
inicial aconteceu em 10 de agosto de 1603, dia de São Lourenço no calendário
católico e foi essa a razão pela qual o comandante daquela expedição, Pero
Coelho de Souza deu nome daquele santo à fortificação que ele mandou edificar
para se abrigar dos ventos muito fortes nessa época do ano, e se proteger dos
nativos (índios portugueses?). Tivemos ai, portanto, três marcos iniciais: Os
primeiros homens brancos a visitar oficialmente a nossa região (Pero Coelho de
Souza e alguns de sua comitiva), a primeira data importante da nossa história
(10 de agosto de 1603) e o primeiro edifício erguido em terra aracatiense, (o
forte ou fortim de São Lourenço), construído provavelmente com as madeiras mais
abundantes nas proximidades, o mangue e a carnaúba. Aliás, os materiais
utilizados também se revestem de pioneirismo, porque, como todos sabem, dos
manguezais e das carnaubeiras, a partir de então, passou a ser retirada grande
parte da madeira utilizada na construção de casas e em serventias as mais
diversas, (hoje já não se usa mais o mangue devido à proibição impostas pelas
leis de proteção ambiental)
Em
que pese a opinião contrária de vários historiadores, alegando insuficiência de
provas documentais, o fato é que Pero Coelho de Souza e o Forte de São Lourenço,
passaram à história como os marcos iniciais do povoado já poucos anos depois
noticiado pelos visitantes – São José do Porto dos Barcos. Tanto que a
enciclopédia dos municípios brasileiros. Volume XVI, ano 1959, diz textualmente,
referindo-se ao lugar em que foi erguido o forte: “tratando-se de lugar seguro
para as embarcações, esse ponto veio a ser chamado de São José do porto dos
Barcos, e sucessivamente, Cruz das Almas e Santa Cruz do Aracati”. Acha-se que
essa tradição tão arraigada na comunicação póstera deva ter sido originada do
fato bem expressivo que foi a debandada por Pero Coelho de Souza, o qual após
cinco anos de permanência no então Siará Grande teve que retornar a Paraíba
acompanhado apenas da família, 18 soldados e um índio fiel, de nome
Gonçalo.
Acredita-se
que os demais companheiros, chefiados por Simão Nunes, tenham-se dispersado ao
longo do Rio Jaguaribe, procurando iniciar vida mais estável. Teriam sido eles
os primeiros colonos das regiões os futuros ou pais de futuros charqueadores.
Segundo os relatos as coisas parecem ter se passado assim, de uma forma
resumida: tudo começou com a chegada à Paraíba, no inicio do ano de 1603, do
governador geral Diogo Botelho com a decisão de incrementar o desenvolvimento
até então morno da capitania do Ceará, de explorar a região do Jaguaribe à
procura de minas de ouro e prata, inclusive fundando povoados nos sítios mais
apropriados e, em sequência, dar combate aos franceses que tinham aportado no
Maranhão e já ocupavam a serra da Ibiapaba, no norte do Ceará, tentando
abocanhar uma fatia do imenso território que os portugueses tinham tomado só
para si. Por ultimo, objetivam também dilatar a fé, isso significando na maneira
de dizer da época aumentar o reino de Deus pela conversão dos habitantes locais
a fé católica. A empreitada era claramente muito difícil, mas logo se apresentou
um candidato com o perfil considerado adequado para o tamanho do empreendimento.
Tratava-se do açoriano Pero Coelho de Souza individuo conhecido como
aventureiro, mas que tinha algumas das características exigidas: era branco e de
origem nobre, havia participado de outras expedições guerreiras e principalmente
exibia no curriculum vitae um predicado fundamental, uma
ambição incomensurável que ele tentava esconder, argumentando nada querer em
troca, tão somente “mercês honoríficas de sua majestade apenas para si e para os
oficiais de seu séquito”, o que na verdade não era pedir muito, já que havia o
risco e esse era o costume: o cidadão topava o risco tremendamente elevado de
empreendimento em região selvagem e inóspita, mas recebendo em troca terras,
poderes, títulos de nobreza, como compensação.
Dizem
os historiadores que a expedição foi toda planejada, iniciando com reunião
estratégica de um conselho de Olinda no dia 21 de Janeiro de 1603 para aprovação
do projeto, que teve voto contra de Manoel Mascarenhas Homem e a favor de
Feliciano Coelho de Carvalho, Gaspar de Figueiredo Homem, Diogo de Campos Moreno
e João Barbosa de Almeida. Foi também aprovado um regimento interno para a
expedição, a fim de dar racionalidade às ações e facilitar o comando de Pero
Coelho de Sousa, sobre os seus comandados. Mas apesar do planejamento
estratégico cuidadoso e da grande comitiva de 65 soldados e 200 índios, as
coisas não saíram como pensado e ao final e ao cabo a expedição redundou em
fracasso, ao menos na visão em curto prazo de Pero Coelho de Souza, pois não se
achou nem ouro nem prata, os franceses continuaram no maranhão e as tais mercês
honoríficas nunca foram concedidas, vindo Pero Coelho de Souza a falecer em
Portugal, anos depois, na miséria e em completo abandono social, e sobretudo
ignorado por todos. Com a volta a Portugal em busca das tais mercês, o
infortunado explorador não pôde tomar conhecimento do sucesso da expedição no
médio e longo prazo quando começaram a aparecer os resultados da exploração
econômica das várzeas do Rio Jaguaribe e que era na verdade um dos objetivos
oficiais do empreendimento, embora não necessariamente na cabeça de Pero coelho
de Souza, obcecado que era apenas por resultados imediatos, as tais mercês
honoríficos, e cegos aos resultados futuros, de prazo bem mais
distante.
Não
soube, por exemplo, que no local ou no entorno do local onde existia o forte ou
Fortim de São Lourenço, poucos anos depois já se ouviria falar que um pequeno
povoado, conhecido como São José do Porto dos Barcos, e que chamava a atenção
dos viajantes, cujos moradores viviam basicamente da pesca no Rio Jaguaribe, mas
também de atividades agrícolas diversas, cujos excedentes vendiam naquilo que
seriam as primeiras feiras do Ceará. É perfeitamente válido que se possa
especular que a construção de embarcações, o plantio de milho e feijão, a
criação de pequenos animais e o trato de cajueiros nativos, muito abundantes na
região, tenham sido as atividades desses homens e mulheres nestes dias
originais. Também não teve a felicidade de ser informado dos progressos que
alcançavam no criatório de gado aqueles seus companheiros que debandaram da
expedição, mas que não voltaram para a Paraíba, preferindo continuar habitando a
região do Jaguaribe, rio acima, juntamente com outros aventureiros que vinham
rio abaixo, certamente convencidos da viabilidade de suas férteis várzeas para a
instalação de seus primeiros roçados e de suas primeiras fazendas. Sempre
perseguido pela má sorte, jamais imaginou que os netos daqueles pioneiros
viessem a fazer fortuna, mal passados 100 anos, com um processo novo de
conservação das carnes dos 20 a 25 mil bois abatidos anualmente nas oficinas de
carne e que ficaram posteriormente conhecidas como charquedas, uma indústria (a
primeira indústria) que por pelo menos um século seria a principal alavanca do
desenvolvimento, tanto local como regional.
E,
sobretudo não foi capaz de perceber que a sua luta de quase dois anos pela
manutenção e crescimento do Forte de São Lourenço só daria resultado anos
depois, culminando em 1714, quando a comunidade de São José do Porto dos Barcos,
tendo à frente um grupo de charqueadores endinheirados, orgulhosamente
inaugurava a primeira capela, “frente de tijolos, coberta de palha”, sinalização
para o governo da capitania de que os “enormes investimentos feitos” começavam a
mostrar resultados práticos para a Coroa portuguesa e para a cristandade, a
ponto de um dos primeiros historiadores do Brasil e da América portuguesa,
Sebastião da Rocha Pita, descrevendo a capitania do Ceará em 1727, destacar a
pequena São José do Porto dos Barcos como “povoação formosa, à beira do
Jaguaribe”, enquanto não contemporiza com a restante província, a qual define
laconicamente como “a mais áspera e inútil do Brasil” (aliás, sobre a futura
capital cearense ele informa que ela tinha “um pouco mais de trezentos moradores
e logra de cidade só o privilégio”). Também jamais poderia imaginar que do seu
malfadado empreendimento se originaria em poucos anos uma atividade econômica
com todas as qualidades típicas capitalismo liberal: livre iniciativa, produção
em escala industrial, comercialização com logística apropriada ao tamanho da
demanda, globalização de mercado, nenhum controle de governo e, como seria de
esperar a época, nenhuma preocupação com o meio ambiente.
Homem
de ação e que perseguia apenas resultados imediatos, é pouco provável que Pero
Coelho de Souza alguma vez sequer tivesse pensado na possibilidade de não colher
pessoalmente os resultados de seus grandes trabalhos, mas, para a felicidade sua
foi o que aconteceu, não obteve ganhos de curto prazo, as tal mercês
honoríficas, mas hoje seu nome está escrito nos livros históricos de pelo menos
quatro estados brasileiros, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco,
concedendo alguma mercê, ainda que as não buscadas (malditas mercês!!!), ao
valente empreendedor reconhecido postumamente pela visão socioeconômica dos
nossos dias como um homem verdadeiramente a frente do seu tempo mesmo que à
época ele não tenha percebido.
A
outra fortificação erguida por Pero Coelho de Souza o Forte São Tiago, na foz do
Rio Ceará, também não teve sucesso em que pese ter sido comandada a maior parte
do tempo, após a resistência de Pero Coelho de Souza, por um homem de tempera
mais forte e de mais preparo psicológico, Martim Soares Moreno, um dos
companheiros de Pero na expedição de 1603 e que terminou passando a história
como fundador do Ceará pela persistência demonstrada no fortalecimento da
colônia e pela habilidade que tinha no trato com os índios (É o formoso
guerreiro branco no romance indianista Iracema, de José de Alencar). Mas mesmo
reconhecendo o trabalho de Martim Soares moreno, alguns historiadores de
fortaleza recentemente tentaram resgatar em favor de Pero Coelho de Souza a
primazia dessa fundação com um projeto lançado na Câmara Municipal em que
alterava a fundação da capital cearense e que não foi aprovado, ao menos nessa
primeira vez. Por enquanto, continua firme por aqui a falta de sorte do famoso
aventureiro, certamente por causa da sua desistência precoce, cabendo aqui uma
indagação para futuras pesquisas: por que desistiu Pero Coelho de Souza tão
rapidamente, frustrando as expectativas iniciais do planejamento e contrariando
o seu intuito evidente de permanência definitiva, tanto que trouxe a mulher e os
cinco filhos?- O motivo estaria relacionado apenas à obsessão pelas azaradas e
inoportunas mercês? Ou teria sido tão somente falta de persistência e abundância
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